19/06/2011

A arte de Umberto Boccioni




Soirée Futurista, Milão 1911
O pintor e escultor Umberto Boccioni foi o mais importante teórico do Futurismo. 
Formou-se em Roma, com Gino Severini, no ateliê de Giacomo Balla, nos primeiros anos do século XX. Aprendendo a pintura neo-impressionista, tornou-se um mestre menor do divisionismo italiano. Fixou-se em Milão, onde conheceu Marinetti, em 1908, e, em 1909, aderiu ao Futurismo, com Balla, Carlo Carrà e Luigi Russolo, assinando com eles o Manifesto dos pintores futuristas, em 1910; no mesmo ano, redigiria o Manifesto técnico da pintura futurista. Convocado para lutar na Primeira Grande Guerra, serviu na artilharia, em Sorte, próximo a Verona, onde morreu após uma queda de cavalo durante exercícios militares.
Sua produção artística e intelectual fluiu até 1916, ano em que publicou em Nápoles O Manifesto dos Pintores Meridionais. Expôs em Paris, Londres, Roma e nos Estados Unidos (São Francisco).

A sensação dinâmica é o principal valor de sua
arte - a ação que se traduz na pintura pela prática das técnicas neo impressionistas, associadas aos princípios do Cubismo, particularmente
depois de seu contato em Paris com Pablo Picasso e os outros cubistas em 1912. Sua pintura abordou temas político-anarquistas, cenas de grande movimentação de figuras em tensão dinâmica e mesmo composições quase abstratas, articuladas pelas linhas-força. Foi inovador na escultura, rompendo com a tradição de Rodin e procurando solucionar todos os aspectos da forma dinâmica na linguagem tridimensional. Suas esculturas ultrapassaram a questão
do movimento absoluto para um movimento relativo, estabelecendo uma tensão
e fusão da forma e do espaço, que se interpenetram. Realizou, ainda, experiências com materiais não tradicionais da escultura, justapondo e articulando vidro, madeira e couro, em trabalhos que chamou de polimaterici (polimatéricos).



DESENVOLVIMENTO DE UMA GARRAFA NO ESPAÇO, 1912

Considerada, com Formas Únicas da Continuidade no Espaço, como a melhor resolução de suas teorias, a pequena peça estrutura-se em torno da forma de um cilindro. O artista aplicou o princípio da decomposição, mas não direcionada por um processo analítico desaglutinador; ao contrário, articula os fragmentos
da forma da garrafa, segundo as linhas-força que inventara, fundindo-os numa síntese. Recusa estabelecer relações ortogonais, principalmente no tocante ao uso de linhas horizontais; assim, através desse propósito imprime um movimento espiralado, ascensional energético, que disciplina a abertura da matéria, nela introduzindo o espaço, estabelecendo em relação diagonal, uma integração ou síntese de tempo, espaço e forma.



FORMAS ÚNICAS DA CONTINUIDADE NO ESPAÇO, 1913
O movimento dinâmico de um corpo humano no espaço é estudado por Boccioni de forma intensiva. Fez quatro figuras em gesso, das quais apenas uma se conserva na coleção do MAC-USP. Trata-se da operação mais radical dos princípios do artista, envolvendo todos os aspectos da forma dinâmica: ação que trabalha a matéria, marcando o impacto como espaço, e em rebordos da matéria, sinuosos, côncavos e convexos, alterando as massas frontalizadas da cabeça - uma interpenetração mútua da matéria e do espaço que faz a massa escultórica fremir nas superfícies. Impregnada de movimento, tanto relativo como absoluto, a figura avança determinada no espaço do espectador. O artista conseguiu materializar o movimento aglutinado à forma que, sendo no espaço, é também um devir a ser continuum.
Read more at www.mac.usp.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário